sexta-feira, 17 de junho de 2011

Essa coisa infernal e sem controle!

É como se fosse um bichinho picando dentro. Coisa pouca, parece que nem tem. Isso no começo. Aliás, analogia mais funcional seria um bicho de pé. A gente não sabe que entrou, mas tem um pontinho minúsculo no dedão que não atrapalha em nada inicialmente. Aí começa um coceirinha, mas nada demais, tanto que a gente ainda não consegue saber que tem, no dedão, uma coisa extra. Mas percebe, quase sem querer que o dedão não está igual.
Diariamente vai aumentando. Cresce o bicho de pé e cresce a coceira. Mas com a correria da vida não paramos pra ver o que raios está fazendo o dedão coçar. Só que já está incomodando bastante.
E eis que num dia mais frio o sapato fechado se faz necessário e a coisa do bicho de pé finalmente transborda! O sapato fechado aperta os dedos e a coceira, somada ao calor do pé no sapato faz com que o bicho se agite. Quando o pé se move e pisa no chão, o dedo de choca contra o couro do sapato e aperta o bicho. Ele vira monstro. A coceira é monstro também. O inchaço do dedo apertado no sapato faz a ponta do dedo dor. E a gente tem que ir ao banheiro mais próximo pra tirar o sapato e ver o que é que está acontecendo.
Aí o horror da consciência: bicho de pé! Coisa mais interiorana! Mais fora de época! E ainda é repulsiva... Um bicho crescendo atrevido dentro da pele da gente! Alicate de cutícula e agulha de costura na mão. Uma luz boa pra ver bem o serviço. Cavaca, cutuca, sai sangue, coça que é um inferno, estoura o bicho sem querer. Nojento! Mas saiu tudo. Passa um álcool e espera fechar a cratera do dedo. Mas deformou a unha e ainda gasta uns dias coçando até ficar tudo bem. E fica? Fica... Com um tempo fica sim. Mas teve a unha estragada, a manchinha do buraco onde o bicho viveu, a coceira e a vergonha de ter pegado um bicho tão de roça.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A historinha da morte da vaquinha

Era uma vez uma família feliz que morava num pacato sítiozinho no interior de Minas Gerais, a alguns quilômetros de Belo Horizonte, seguindo uma rotina simples.
Todas as manhãs, o pai pulava da cama às 4:30 da manhã, lua no céu ainda, calçava as botinas enquanto a mãe passava o café moído na tarde do dia anterior que ele tomava, e ia ordenhar a vaquinha magricela que era o sustento da família.
O leite servia para fazer derivados, que eram utilizados pela família (vô, mãe, pai, 5 filhos). E 4 ou 5 litros que sobravam eram vendidos a preço de banana na vendinha do Sô Geraldo. O dinheiro era gasto com feijão, arroz e carne para o domingo.
Quando não estava ordenhando a vaquinha, o pai capinava lotes com os filhos homens. A filhas mulheres ficavam pela casa, limpando, aprendendo a costurar, ajudando na janta ou brincando no quintal, onde um dia a vó plantou verduras que não nasciam mais desde que a velhinha morreu.
Numa madrugada normal, o pai levanta, faz tudo como de costume e ao chegar no mini curral onde ficava a vaquinha, constatou horrorizado que ela estava morta.
"Ó Deus cruel que levaste minha vaquinha magrela para junto de ti! deixando minha família sem sustento!" e a família estava então desesperada sem leite e os trocadinhos que a vaca rendia.

Não sei quem foi que teve a idéia. Com certeza não foi o tal Deus cruel que respondeu (tenho pra mim que quando ele escuta essas lástimas injustas, ele faz "tsc, tsc"), mas a questão é que começaram a plantar na horta. E uma das filhas tinha muito a manha!
A horta ficou cheia, as verduras e legumes eram consumidos, trocados e posteriormente vendidos. E com um tempo, deu tão certo, aumentou em tal proporção que hoje o pai vem toda manhã a Contagem vender os produtos no Ceasa. O sítio tem piscina e as filhas compram roupas no Diamond Mall e os filhos vão na Cinco no fim de semana. Fora a que tem a manha com plantação. Ela não gosta de frescuras de mulherzinhas. É uma mulher do campo (e possivelmente lésbica).

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Os terremotos. Metafóricamente falando.

Sabe o aperto que dá no estômago quando as coisas estão para desmoronar? Tem gente que enche o estômago de comida pra resolver a sensação. Eu paro de comer. E não paro de pensar. E não consigo parar de sentir medo.
Mas tem, no fundo de mim, algo morno, um alento. A sensação é que eu estou de novo caindo e não sei a profundidade do buraco, mas independente disso, eu não vou cair em chão duro.
Eu passo por terremotos metafóricos periodicamente, alguns deles são tão devastadores quanto o que aconteceu no Haiti no ano passado: o chão se abre, as construções desmoronam, pessoas morrem engolidas no grande buraco do chão. Vão para o meio do mundo, onde tem lava, aí essas pessoas derretem e viram só lembranças.
O de agora deve levar mais um bocado de coisa. É nova fase da série que é a minha vida começando? Eu achei que a nova fase tinha começado em fevereiro. E achei de novo em abril.
Eu achava que tinha uma vida de novela mexicana, com confusões cômicas, acontecimentos pseudo-dramáticos, amores tão tórridos quanto passageiros. Estava mais pra Malhação, percebi depois.
Agora as coisas estão mais complexas. Nem Malhação, nem novela mexicana dublada apresentada pelo SBT atendem à descrição. Amadureci e amadureceram os dramas e os amores. Agora s coisas estão muito mais pra Lost: eu não sei o que vai ser, fico ansiosa esperando, e nunca entendo nada! E talvez chegue ao final sem entender e o final não seja feliz. Como foi que o canal de apresentação da minha vida deixou de ser Disney e virou AXN?



quinta-feira, 9 de junho de 2011

Aquele pincel que tem pintado a estrada

Me comparando comigo mesma, 7, 5, 3 anos atrás, constatei uma decadência intelectual lamentável.
Isso tudo por causa da minha cisma idiota de que eu tinha que ser "normal"! Tinha que ser uma adulta satisfatória para o mundo. Trabalhar, namorar, terminar a graduação, andar de salto alto, ter um salário bom e comprar um carro. O que eu consegui?
Os saltos me deixaram com os pés cheios de bolhas. O namoro é uma questão tão frustrante que eu finalmente desisti! O salário subiu faz um mês, logo, não tenho o carro ainda. Aliás, não sei nem dirigir.
E consegui também emburrecer! Adormecer meu cérebro que era tão aflito e ativo e produtivo! Uma pena mesmo...
Logo eu que era tão criativa, poética! Ia acabar escrevendo um livro tipo os da Clarice Lispector, com essas histórias de dentro, difíceis de entender, mas que a gente sente perfeitamente. Agora o que vai sair de mim? O dia-a-dia de uma usuária assídua de Excel? Não me parece nada relevante.
E eu quero tanto fazer algo relevante na vida!!!
Nada de aparecer na TV, ou publicar um best-seller. Não almejo tanto. Mas pelo menos quero deixar para o mundo palavras que me eternizem na mente de um ou de outro.

Essa inquietação toda surgiu por culpa do Rodrigo e daquele blog infernal dele que não me deixa trabalhar a uma semana! Não consigo parar de ler!!!
Aliás, estou apaixonada pelo cérebro dele. E com muita inveja. Me roendo mesmo! Fui até investigar meu primeiro e-mail, que eu sabia que tinha rascunhos de textos que fiz em momentos de angústia ou alegria (se é não são a mesma coisa) em que o Word era o melhor meio de desabafar. Meu blog da [época está sumido ai pelos sites que se fecharam, então achei pouca coisa. Mas foi o suficiente pra acabar de acordar o monstro que o bdmc cutucou.

O que há? Faço o quê agora?
Agora escrevo!
Estou novamente fadada a pensar demais, querer demais, escrever para que alguém leia e talvez goste... Embora eu tenha passado os últimos anos evitando ser julgada.
Agora eu quero ser julgada! Quero perder o medo que surgiu. Quero ser como eu era nos meus reluzentes 18 anos, quando eu só queria por pra fora as milhões de palavras que borbulhavam e me agitavam por dentro, me deixando sem lugar. Me obrigando a falar sozinha quando andava na rua, por onde quer que eu passasse.
Eu não conseguia dormir no ônibus, porque os pensamentos faziam barulho!
Eu não conseguia ficar sem ler um livro, porque isso ajudava a aquietar e a acrescentar, esclarecer.

Quando foi que eu me perdi, hein?
Tenho quase certeza de que foi essa história de metrópole. Leva muito tempo dentro dos ônibus, a gente viaja em pé e eles não são iluminados: não dá pra ler desse jeito! Dá pra dormir em pé. E eu fui dormindo o corpo e a cabeça.
Parece que agora estou acordando, o corpo menos, mas a cabeça está falando mais do que eu costumo deixar. Essa semana até me surpreendi falando sozinha na rua. Adoro ser tomada como doida.
A doida dos pensamentos borbulhantes!
Ser normal é muito fácil e confortável, mas eu não quero conforto: quero crescer por dentro.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pensamentos notáveis

Pensamentos notáveis de hoje:

Com Cidiney, sobre a escolha dele, tempos atrás, de não trabalhar numa empresa que ele não sabia, mas era a Vale:

"Mas nem tem como você saber se seria melhor mesmo. E se escolhesse só pra saber, deixaria de saber da que você recusou. E não dá pra sair experimentando tudo só pra não perder. A gente sempre tem que fazer escolhas e sempre perde alguma coisa. Em tudo na vida."

Grandes coisas, né? Todo mundo sabe dissso!
Bom, eu não sabia, a alguns anos atrás. E saí fazendo tudo o que me dava na telha, pra não perder nada. A não ser que eu não tivesse curiosidade nenhuma sobre a tal coisa.
Alguém tem ideia da quantidade de merda que eu fiz por causa disso?
Nunca terão!

O segundo pensamento veio bem cedinho, quando cheguei no trabalho, liguei o computador e vi gabs on line:

"A distância aproxima as pessoas."

Contraditório? Paradoxal? Idiota?
É a mais pura verdade! Porque eu nunca senti tanto carinho pelo meu amigo como agora que ele está super longe! Acho que nem ele por mim...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Manias, esquisitices ou meras características que me compõem?

Eu já contei das minhas manias aqui?
Vou contar logo antes que elas se acabem. Porque vão diminuindo a cada ano e agora a Doutora Loirinha, minha psicóloga, resolveu que eu vou ter que falar delas na próxima sessão. Droga! Pra quê que eu fui comentar?? Mas eu juro que não achava que tinha nada de psicologicamente errado nessas coisas que eu faço.

São estas:
1 - Toda vez que entro num ônibus eu procuro as pessoas bonitas. Prefiro sentar (quando eu sou obrigada a dividir o banco) do lado dos caras bonitos, não das mulheres. Mas o que há de tão anormal nisso? E nem é pra conversar com o tal cara bonito. Só fico lá sentadinha, caladinha e satisfeita.

2 - Faço listas.
- Listas de afazeres,
- de filmes para assistir,
- de músicas aleatórias que escuto em boas estações de rádio,
- de caras que eu beijei (já parei essa faz tempo),
- de roupas para compor a mala antes de uma viagem,
- de comida que eu tenho que comprar pra semana no super mercado,
- de compromissos legais dos fins de semana,
- da ordem em que eu vou limpar a casa,
- do que eu tenho que "matar" no trabalho
- e lista das listas que eu faço.

3 - Desde pequena eu escolho alguém pra "ser" nos desenhos, novelas e filmes. Eu já fui a Power Ranger Amarela (na temporada que ela era mais bonita que a Power ranger Rosa), a Bulma do Dragon Ball (antes de ele ser Z), a Serena, do Saillor Moon (minha irmã era a Saillor Vênus), das Princesas eu era a Cinderela. Já fui até a Kim, personagem da Winona Rider em Edward -  Mãos de Tesoura.

4 - Divido cheiros em fechados e abertos. Não em amadeirados, florais, cítricos, etc... E os cheiros mel lembram épocas. Inverno, por exemplo tem cheiros específicos e totalmente diferentes do verão. E eu sei que dezembro está chegando pelo cheiro que fica no ar. E é claro, primavera tem o melhor cheiro de todas. As noites de primavera tem cheiro de flores. Que são cheiros abertos.

5 - Faço diário desde os 8 anos de idade*. Ando com um caderno (porque agendas datadas são limitadas demais) pesadíssimo na bolsa, independente de pra onde eu vá. A não ser na minha carteira verde abacate, que é nova e não cabe o caderno. Mas eu uso-a muito pouco por causa disso mesmo.

6 - Quando estou muito muito concentrada em alguma coisa, fico de boca aberta, parecendo retardada. Essa é a pior, eu acho. E sem concerto, eu também acho, infelizmente.
Aliás, vou é falar dela pra Doutora Loirinha, que isso é realmente importante de resolver.

Tem outras manias, mas eu não consegui pensar nelas. Devem estar tão intrínsecas que eu não percebo mais. Vou me observar por esses dias. Aí acrescento.



*Ainda vou desenvolver isso posteriormente.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Volver

Foi uma confusão danada e deve me render boas coisas...

Pra começar, meu ultimo post sobre maturidade e tudo o mais é balela. É e não é. É verdade, mas ainda não é dessas coisas firmes em que a gente pode confiar. Eu devo ter ainda duas ou três recaídas. Tive uma na semana passada mesmo: estava eu ocupada em lavar a cabeça, 6 da manhã, frio e pressa pra ver se conseguia pegar o ônibus pela segunda vez na semana, quando veio o H. dentro da minha cabeça com aquele discurso de merda sobre me amar demais mas querer ficar comigo só pra "viver o presente".
Respondi gritando, olhos em fúria que ele era um bosta. Que isso não existia e não era amor. Que eu era linda e ele era um feio e estava pegando o boi de estar comigo, então, porque ele achou, por algum tempo que eu ia aceitar essa história de namorar com tantas ressalvas se eu não precisava disso?? E disse também que eu queria e merecia um cara mais decidido, mais resolvido e não queria, de forma alguma, um zé que de repente resolveu ter de novo 17 anos, além de ser genérico, ordinário mesmo (nos dois sentidos: comum e filho de uma p***).
Ele encolheu, encolheu, encolheu. Ficou do tamanho de uma ervilha. E meio verde de espanto. Finalmente eu respondi do jeito que deveria responder. Talvez ele nunca mais apareça na minha cabeça.

Ai aconteceram umas coisas, que vão aqui resumidas:
- Carina e Leo agora deram de sair com o H. Ela é minha irmã não é?
Bom que eu chorei até, contei pra minha mãe (eu tenho 5 anos?) e ela resolveu que era pra eu ir pra Pará de Minas pra ficar feliz.
- Passei a noite de sexta trabalhando com biscuit com Tati e Madá. Isso não é coisa de se fazer numa noite de sexta, é? Mas fiz pela Tati e pela falta de opções mais solteiras...
- Passou Globo repórter sobre doenças causadas pela solidão. Endossou meu drama com a minha mãe. E que fique claro que o drama, embora seja drama mesmo, é totalmente verdadeiro.
- Sábado fui bater perna no centro de Pará com a minha mãe. À noite fomos num casamento. E mais tarde ela pagou pra eu ir no show do Fred no Cine Pub porque disse que eu preciso me divertir.
- Cine Pub (não é realmente um pub, mas achou que ficaria chique chamar assim) - Zap de copas show ensaio - as mesmas pessoas de 4, 8, 10 anos atrás. Duas novidades que eu espero continuar encontrando por ai... - em casa às 4:30 da manhã
- Dormi com a Flora (minha gata esnobe) até as duas da tarde. E eu tinha marcado ir na Expo Cachaça com o Gugu - eu não desisti - à tarde. Aí foi correria: malas, ônibus pro centro, táxi pra rodoviária, fila pra comprar passagem, onibus com duas criaturas gracinhas que resolveram dividir a música deles. Um dia vou elencar as coisas que eu odeio, música pública é uma das top 10.
E quando era só Justin Bieber tava muito bom, comparado ao momento que resolveram tocar funk. Mudei de lugar e consegui dormir.
- Betim - casa - malas - troca de roupa - Expo cachaça já acabou - ônibus pra BH com um ar condicionado ignorante - Gugu e Rodrigo.

Aí foi a terceira coisa boa do fim de semana (conseguiram pegar quais são as outras duas?).
Duas pessoas parecidas comigo. Que me entendem.
Eu estava me sentindo muito díspar ultimamente. Foi de renovar a alma achar alguém que conversa sobre socialismo...



E o Rodrigo lembra muito o menino peste de um desenho que eu via quando não fazia nada da vida...

Dennis - The Menace