quinta-feira, 9 de junho de 2011

Aquele pincel que tem pintado a estrada

Me comparando comigo mesma, 7, 5, 3 anos atrás, constatei uma decadência intelectual lamentável.
Isso tudo por causa da minha cisma idiota de que eu tinha que ser "normal"! Tinha que ser uma adulta satisfatória para o mundo. Trabalhar, namorar, terminar a graduação, andar de salto alto, ter um salário bom e comprar um carro. O que eu consegui?
Os saltos me deixaram com os pés cheios de bolhas. O namoro é uma questão tão frustrante que eu finalmente desisti! O salário subiu faz um mês, logo, não tenho o carro ainda. Aliás, não sei nem dirigir.
E consegui também emburrecer! Adormecer meu cérebro que era tão aflito e ativo e produtivo! Uma pena mesmo...
Logo eu que era tão criativa, poética! Ia acabar escrevendo um livro tipo os da Clarice Lispector, com essas histórias de dentro, difíceis de entender, mas que a gente sente perfeitamente. Agora o que vai sair de mim? O dia-a-dia de uma usuária assídua de Excel? Não me parece nada relevante.
E eu quero tanto fazer algo relevante na vida!!!
Nada de aparecer na TV, ou publicar um best-seller. Não almejo tanto. Mas pelo menos quero deixar para o mundo palavras que me eternizem na mente de um ou de outro.

Essa inquietação toda surgiu por culpa do Rodrigo e daquele blog infernal dele que não me deixa trabalhar a uma semana! Não consigo parar de ler!!!
Aliás, estou apaixonada pelo cérebro dele. E com muita inveja. Me roendo mesmo! Fui até investigar meu primeiro e-mail, que eu sabia que tinha rascunhos de textos que fiz em momentos de angústia ou alegria (se é não são a mesma coisa) em que o Word era o melhor meio de desabafar. Meu blog da [época está sumido ai pelos sites que se fecharam, então achei pouca coisa. Mas foi o suficiente pra acabar de acordar o monstro que o bdmc cutucou.

O que há? Faço o quê agora?
Agora escrevo!
Estou novamente fadada a pensar demais, querer demais, escrever para que alguém leia e talvez goste... Embora eu tenha passado os últimos anos evitando ser julgada.
Agora eu quero ser julgada! Quero perder o medo que surgiu. Quero ser como eu era nos meus reluzentes 18 anos, quando eu só queria por pra fora as milhões de palavras que borbulhavam e me agitavam por dentro, me deixando sem lugar. Me obrigando a falar sozinha quando andava na rua, por onde quer que eu passasse.
Eu não conseguia dormir no ônibus, porque os pensamentos faziam barulho!
Eu não conseguia ficar sem ler um livro, porque isso ajudava a aquietar e a acrescentar, esclarecer.

Quando foi que eu me perdi, hein?
Tenho quase certeza de que foi essa história de metrópole. Leva muito tempo dentro dos ônibus, a gente viaja em pé e eles não são iluminados: não dá pra ler desse jeito! Dá pra dormir em pé. E eu fui dormindo o corpo e a cabeça.
Parece que agora estou acordando, o corpo menos, mas a cabeça está falando mais do que eu costumo deixar. Essa semana até me surpreendi falando sozinha na rua. Adoro ser tomada como doida.
A doida dos pensamentos borbulhantes!
Ser normal é muito fácil e confortável, mas eu não quero conforto: quero crescer por dentro.

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