terça-feira, 14 de junho de 2011

A historinha da morte da vaquinha

Era uma vez uma família feliz que morava num pacato sítiozinho no interior de Minas Gerais, a alguns quilômetros de Belo Horizonte, seguindo uma rotina simples.
Todas as manhãs, o pai pulava da cama às 4:30 da manhã, lua no céu ainda, calçava as botinas enquanto a mãe passava o café moído na tarde do dia anterior que ele tomava, e ia ordenhar a vaquinha magricela que era o sustento da família.
O leite servia para fazer derivados, que eram utilizados pela família (vô, mãe, pai, 5 filhos). E 4 ou 5 litros que sobravam eram vendidos a preço de banana na vendinha do Sô Geraldo. O dinheiro era gasto com feijão, arroz e carne para o domingo.
Quando não estava ordenhando a vaquinha, o pai capinava lotes com os filhos homens. A filhas mulheres ficavam pela casa, limpando, aprendendo a costurar, ajudando na janta ou brincando no quintal, onde um dia a vó plantou verduras que não nasciam mais desde que a velhinha morreu.
Numa madrugada normal, o pai levanta, faz tudo como de costume e ao chegar no mini curral onde ficava a vaquinha, constatou horrorizado que ela estava morta.
"Ó Deus cruel que levaste minha vaquinha magrela para junto de ti! deixando minha família sem sustento!" e a família estava então desesperada sem leite e os trocadinhos que a vaca rendia.

Não sei quem foi que teve a idéia. Com certeza não foi o tal Deus cruel que respondeu (tenho pra mim que quando ele escuta essas lástimas injustas, ele faz "tsc, tsc"), mas a questão é que começaram a plantar na horta. E uma das filhas tinha muito a manha!
A horta ficou cheia, as verduras e legumes eram consumidos, trocados e posteriormente vendidos. E com um tempo, deu tão certo, aumentou em tal proporção que hoje o pai vem toda manhã a Contagem vender os produtos no Ceasa. O sítio tem piscina e as filhas compram roupas no Diamond Mall e os filhos vão na Cinco no fim de semana. Fora a que tem a manha com plantação. Ela não gosta de frescuras de mulherzinhas. É uma mulher do campo (e possivelmente lésbica).

2 comentários:

  1. Esopo e os irmãos Grimm que nada, o negócio são as fábulas de Kaoru.

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  2. Acho que já ouvi o começo da história... mas esse final foi uma delícia!

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