quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Fé (futuro, presente) de gelatina ou de rapadura?

Quando foi que eu virei essa pessoa medrosa? Essa pessoa parada num lugar com medo de se mexer e causar desmoronamentos em tudo ao redor?
Será que é essa a concepção de ser adulta e estável na minha cabeça descompensada? Eu acho que é a única explicação... Por que foi essa semana, conversando com a minha chefe que eu consegui expressar em palavras essa coisa que eu tinha dentro e mal entendia: eu tenho medo de mudar, por que foi muito difícil me manter quieta um dia.
Eu era aquela doidinha, que corria no corredor da faculdade porque estava sempre atrasada e cansava das coisas, dos textos, dos meninos, do trabalho... Vivia trocando de brinco, de estágio, de república. Nunca fiz tatuagem por que algo imutável era inconcebível. Ai um dia a Tati me mandou por um salto e fazer uma entrevista. Fiz e consegui o emprego, ganhando 2/3 a mais do que sempre em qualquer emprego e isso me convenceu a aguentar a mudança drástica de rota. Pois aguentei mesmo, ventos e tempestades de areia, fofocas e até assédio, sobrevivi a tudo e fui ficando, por que era um jeito de deixar de ser a ovelha negra da família que não parava em emprego nenhum e sempre seria uma professora de história pobre, porém cheia de idéias boas.
Acho que eu não queria ser assim, né? A ovelha negra e posteriormente a fracassada, já que minha irmãzinha vai virar uma Dra Veterinária famosa por defender os cães da matança por leishmaniose...
Mas ser trabalhadora da Fiat não me rendeu tantos louros. Principalmente no quesito emocional. Foi o assédio, mudança de chefe, falta total de utilidade no setor, devolução (eu sou terceirizada), volta numa área diferente, trabalho mecânico, amizades ótimas, paz, ameaça de nova devolução, reaproveitamento, total inaptidão, devolução sem nenhum respeito. Outra volta, outra área, outras amizades, um trabalho mais mecânico que o anterior, a adaptação, o DDA, a melhora geral e a bomba: "Não sei se por você ser muito prestativa para todos ou se porque você é muito distraida, você é lenta nas entregas e se tivesse uma vaga hoje, eu não te contrataria".
É verdade que eu sou lenta? Não. Chorei pela injustiça, 7 meses como uma trabalhadore de merda, mas colhi nova opinião e me re-motivei a acordar cedo pra trabalhar. Mas, como a segunda opinião sabiamente observou: "Esse não é o seu lugar. Você quer ficar aqui? Quer se esforçar pra ficar aqui? É isso que você quer pra sua vida? Na minha época, as pessoas faziam o que dava, eu não escolhi trabalhar aqui: aconteceu e eu fui ficando, mas você, as pessoas da sua idade podem escolher. Você não precisa ficar só por que você já começou aqui."   

=X

No choque do que ela disse eu entendi o que me pára. Eu não era medrosa, mas também não esperava nada da vida, por que eu era cheia de planos diversos e muito tempo pela frente e não precisava escolher nem pensar demais. Não é que meu tempo tenha acabado, mas agora eu aspiro coisas, quero estabilidade, só que por falta de costume, não consigo escolher nada, não consigo me mexer, já que a minha estabilidade atual está sobre um castelo de cartas que cairão assim que eu me mexer.
Como as crianças do Emejinho aprenderam, a minha fé e a minha vida não podem ser construídas sobre a gelatina  (ou a areia), então, talvez tenha mesmo que cair tudo sob mim, daí eu vou poder reconstruir as coisas de forma firme, sobre a rapadura (ou a rocha).

Agora é criar coragem pra sair do morno e enfrentar o gelado ou o cálido, por que como andei conversando dia desses, eu estudei uma coisa com a qual eu nãa trabalho, trabalho numa coisa que eu não estudei e combino com uma terceira coisa que eu nem estudei nem tenho nenhuma experiência.

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