terça-feira, 10 de maio de 2011

Essa diversidade toda

Tenho essa cadelinha nova. Branquinha, felpuda, vira-lata e cega, tadinha. Não vê um palmo a frente do focinho pretinho...Ela virou minha sábado agora... Tipo minha filha. Minha única responsabilidade na vida além de mim mesma. Eu paguei o veterinário, comprei a ração (da mais cara), paguei vermífugo. E ainda fiz faxina na casa sem a Carina me obrigar. Simplesmente porque eu queria que a minha cachorrinha branca não ficasse preta do chão.
Aí pensamos em um nome. Achei muito boa idéia chamar de Clarinha. Por causa da Santa Clara que, além de amiga* do Francisco de Assis - que é o santo dos animais - , é a santa dos olhos. Quem for católico vai perceber que eu não sou. Afinal, a santa dos olhos é a Luzia**. Mas Luzia, bem como Francisca, não me pareceram bons nomes pra minha cadelinha linda. Além de Francisca ser o nome da minha avó.
Aí, veio prontinho na minha cabeça: Amélie. Por causa do filme alternativo mais clichê do mundo: "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Ah... Infelizmente ele virou moda paras os anti-moda, mas é bom e eu ainda acho ele o mais bonito que já vi, então uma cachorrinha só minha tem merece esse nome.
Estavam lá em casa a Carina e o Léo, o namorado dela. E começaram a julgar a minha escolha. Ai como eu adoro quando resolvem que têm o direito de julgar as minha escolhas... Amo mesmo!!

Léo: - Porque Amiélie?
Carina: - Amélie é aquela mulher que fica enfiando a mão no saco de alpiste.

oO é de pasmar!

Léo: - Ahn??

Expliquei que não era assim (e que não era alpiste), mas o estrago estava feito. Se ele um dia for ver o filme, já vai começar com a idéia de filme viajado que não merece crédito.
Fico tão frustrada com ela... Puta merda! Não sabe de quase nada e julga tudo! É frustrante, não é?
Ao mesmo tempo, estranhamente - coisa pra Dra Psicóloga - eu fico muito satisfeita quando compro alguma coisa que ela acha estranho. Me orgulho muito em ser diferente dela. Mesmo que lá em casa achem que por isso, eu sou a ovelha negra, solteira e sem juizo.
Prefiro ser isso - e eu sei bem o que sou e o que não sou, nesses adjetivos todos que me dão - do que ser ordinária, caminhar com a massa, ter as mesmas cores e os mesmos sons.

Aí resolvi pensar um pouco sobre as coisinhas que me fazem feliz. Ou as coisas estranhas...

- Fico muito satisfeita quando o alarme do portão dispara e não fui eu.
Mas isso é um pequeno prazer? Acho que tá mais pra um sentimento de culpa eterno que eu devo carregar e que se alivia quando outro alguém tem a culpa ao invéz de mim...

- Fico feliz com cheiro de cachorro sem banho.
Mas isso é porcaria, não é não?


Ah! Assim não dá, pô! Cada coisa que eu escrevo, eu mesma discuto e justifico!
Deixa... Outro dia eu penso nisso.

Hoje fica só a conclusão de que fico muito mais bonita de pre do que de branco. E que a Carina devia fazer direito e um concurso pra ser juíza, mesmo eu achando que ela será uma ótima veterinária.





Por falar nisso, às vezes me custa esperar os anos passarem... Tô muito curiosa pra saber do roteiro a médio e longo prazo...





*Acho que a santa Clara teve foi uma quedinha pelo Francisco de Assis. Mas faz muuuito tempo que assisti "Irmão Sol, Irmã Lua".
** Santa Clara é santa do clima e do bom tempo, segundo fontes católicas e confiáveis.

Um comentário:

  1. Sempre que eu tiver que falar de Amèlie Poulain, vou dizer que é o filme da menina com a mão no saco de alpiste. Adorei a definição!

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